Enquanto as hortênsias florescem - Heliene Rosa

€10,91
Entregas para o CEP:

Meios de envio

Compartilhar

Os versos semeados, pelas mãos que lavram sentimentos no solo branco e solitário do papel, brotam fertilizados pela beleza artística da palavra ritmada que perfuma de poesia e dá viço aos estados de essência cultivados no jardim poético de Heliene Rosa. É a leveza harmônica, presente na essência do Belo, que perfuma cada poema em sua unicidade e sensibilidade, porque é esta Beleza o pano de fundo deste jardim de Rosa, assim como da palavra bailarina que, sempre em movimento, molda a forma de cada verso-flor para manifestar-se ao mundo exterior sensível, bem diante dos olhos passantes do leitor(a) que param a contemplar, extasiados, diverso jardim.

Esta voz do Feminino Rosa que levanta seu canto, neste livro-jardim Enquanto as hortênsias florescem, é a voz que embala próspera e pura poesia que vem do chão! É a voz clareira da alma que sonha flores, “em miríades de cores” e distribui esperança pelo caótico mundo em que vivemos, ainda que as palavras sejam escassas e os caminhos tortuosos: “Enquanto as hortênsias florescem/ No jardim/ palavras me traem/ palavras me faltam/ me perco de mim (...) Enquanto as hortênsias florescem/ Em miríades de cores/ Sobre folhas e haste/ Enfeitando o jardim”.

É a voz da ancestralidade que se consolida na força da intelectualidade de Rosa, a que, primeiramente, descolonizou seu jardim para só então partilhar as sementes férteis pelo mundo. Como aperitivo, desfrutemos do fragmento do poema Dindinha, no qual escutamos a voz sábia e selvagem que muito ensina: “com ela aprendi: que na vida,/ Nem tudo é do jeito que a gente quer/ Mas ninguém deve duvidar/ da força e do poder/ De uma mulher!” Rosa, imersa na força de sua africanidade, solta a voz para dizer das dores que atravessam suas vivências, mas ela escreve para consolidar sua existência, que também é a nossa.
O poema Servidão dialoga com muitas histórias de vida tecidas nestes versos: “Em algum canto,/ Sonhos de amor roubados/ E soluços, silenciados. (...) E a dança dos séculos,/ Sofistica a crueldade;/ Exploração naturalizada...(...)/ Como arrancar do poema/ Esse refrão?”. As reviravoltas dos versos de Rosa, em meio à polifonia de vozes femininas, se encarregam de trazer a resposta, que vêm pelo vento da coletividade, onde o sopro é de verde esperança e de otimismo, porque somos mulheres de luta e de sonhos: “lutamos juntas agora,/ E não podemos retroceder!
/ Pois já dizia o poeta,/ Quem sabe faz a hora/ Não espera acontecer!” E assim meus olhos de leitora, ao contemplarem tão belo jardim, vão se emocionando neste amor pulsante que me abraça, poeticamente, como no poema Labirinto, onde “frenética dança/ Aquece-me a esperança/ E reinvento o mapa/ Desenho novos caminhos/ Para o meu labirinto particular.”
Caro(a) leitor(a), é neste jardim florido, cultivado em Terra-Mãe, “Nossa Nave-Terra, nosso lar, /Corpo coletivo ancestral”, onde Árvores, “em suas entranhas/ Rios internos deságuam/ nas raízes que sustentam o mundo”, que o(a) convido a adentrar-se. Entre sem medo, aqui as palavras nos lavam a alma em rios de Feminiscências, onde “Universos se fundem/ Centelham faíscas divinas/ Das entranhas da Terra”. Aqui há Pássaros que “habitam o céu/ Tingem-no de plumagens coloridas/ E rasgam o azul/ Intrépido voo” com “Seu canto flecha/ Endereçado ao infinito”. Aqui, no Jardim da Poeta Heliene Rosa, há uma aventura fantástica de dança ritmada de doce e engajada poesia que se apresenta ao mundo! Boa leitura!

Marta Cortezão
Escritora e Poeta

 

FORMATO 14x21cm

88páginas, orelhas 7cm - papel miolo Pólen