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Ler imagens - Contar histórias: cronivivências de uma cidade em preto e branco - Jeremias Brasileiro

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APRESENTAÇÃO

 

 

Ocorreu-me que é uma honra e ao mesmo tempo um desafio a tarefa de apresentar mais esta fundamental contribuição da obra de Jeremias Brasileiro. Ler imagens - Contar histórias: cronivivências de uma cidade em preto e branco é o coroamento de uma vida de pesquisa autodidata e de imersão do sujeito enquanto mestre da cultura popular, da qual é criador e ao mesmo tempo: Intérprete. Talvez, ainda sem que eu tivesse consciência dessa possibilidade, o desafio teve início quando adentrei ao escritório/quarto de Jeremias em busca de referências documentais sobre quilombos na região e me deparei com o seu rico acervo de imagens/fotografias, entrevistas e audiovisual, resultado de mais de três décadas de pesquisa, escritas e vivências.

Jeremias Brasileiro, historiador, escritor e mestre da cultura popular, movimenta-se com maestria pelas dimensões da literatura, da história regional e local e pelas Congadas no Brasil. Nessa trajetória foram muitas as dificuldades sobretudo as oriundas da discriminação racial arraigada às relações sociais da realidade brasileira e da já superada visão mecanicista de mundo, que em grande medida predomina no conhecimento acadêmico, segundo a qual o intérprete/pesquisador está separado de sua comunidade, formulando um “conhecimento objetivo”, o único que pode ser considerado válido. Tais vicissitudes não impediram o pequeno menino da cidade de Rio Paranaíba, que sonhava ser poeta, de voar alto, mais alto que os primeiros mestres da escola primária: o considerava capaz de chegar. Foram os mestres e guardiões do saber popular, os mais velhos, o sustentáculo na trajetória de resistência e conquistas. Como disse sua professora do Ensino Médio, “Jeremias, não importa onde você está, e sim onde seus textos chegam”. Sua obra tem percorrido diversos lugares, inclusive além do continente Sul-americano. E nesse vôo livre, chegou ao tão admirado poeta Carlos Drummond de Andrade.

De Rio Paranaíba, terras do Quilombo do Campo Grande, para a Uberlândia, cidade de ruas de pedra, a obra de Jeremias Brasileiro registra a história contada do ponto de vista dos homens e mulheres negras que a construíram e que não estão referenciados na historiografia oficial local. Neste trabalho, ele acrescenta com vigor à publicação anterior 100 anos da Irmandade do Rosário: uma história de Uberlândia em Preto e Branco, ao apresentar à história oficial da cidade: a rica e inegável contribuição de famílias negras e sujeitos para a construção da cidade que temos hoje. Trata-se de uma questão de reparação histórica o reconhecimento de que antes mesmo que os primeiros fazendeiros (sesmeiros) chegassem à região, aqui já estavam muitos negros, que chegaram ainda no período escravista. E do mesmo modo, antes mesmo que muitos dos personagens, considerados pela história oficial da cidade, pudessem cravar a sua marca como os precursores do progresso da tão sonhada terra fértil: famílias negras já trabalhavam, seja “carregando as tábuas”, construindo as alvenarias, empreendendo e fazendo cultura. O risco do apagamento e do ofuscamento das memórias é inerente entre os próprios membros da comunidade, o que reforça a necessidade de continuar a contar e recontar as memórias históricas para as futuras gerações a partir da oralidade e também da oralitura.

As cronivivências, conceito adotado pelo autor, que compõem esta obra, explicitam com grande força, como só a literatura/oralitura e a arte são capazes de expressar. Diante da densidade dos conteúdos das crônicas, vale destacar alguns pontos que representam muito bem o intuito do conjunto da obra. Os modos de ofuscar histórias trazem luz a um dos mais antigos “mistérios” presentes da oralidade da cultura da Congada local. E ao mesmo tempo, reafirma o lugar dos sujeitos históricos na história ofuscada da cidade e muitas vezes entre membros da própria comunidade. A Igreja do Rosário, Lugar de Memória e patrimônio da cultura afro-brasileira, é palco e testemunha da história da São Pedro do Uberabinha desde o século XIX, e também do primeiro casamento Congadeiro, cujas imagens despertam as mais belas memórias de amor e fé.

Memórias, memórias e memórias! São elas personagens principais no jogo pelo lugar na história da cidade, cujo principal lema é “Eu tenho uma memória muito boa. Eu estava lá!”. A obra de Jeremias Brasileiro, sobretudo esta nova contribuição, chega num momento crucial em que famílias negras reivindicam o direito ao seu lugar na história sócio-cultural da cidade, caracterizando-se como símbolo de resistência negra, de conquistas e vitórias.

 

Vanilda Honória dos Santos – Bacharel em Direito (UFU-MG) e Mestre em Filosofia (UFU-MG)

 

Título                                                            Ler Imagens Contar Histórias: cronivivências de uma cidade em preto e branco

Autor                                                           Jeremias Brasileiro                                                           

Projeto Gráfico                                           Thiago Carvalho

Revisão Ortográfica                                   Luana Fidêncio 

Apresentação                                             Vanilda Honória dos Santos e Bruna Cristine Gomes

                                                                                    

 

Editora Subsolo

www.editorasubsolo.com.br

[email protected]

Uberlândia - Minas Gerais

 

                                   

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

 

          Ler Imagens Contar Histórias: cronivivências de uma cidade em preto e branco  

         Brasileiro, Jeremias  

1ª edição – 152 págs. – Uberlândia, Minas Gerais - 2019

                  1.Contos 2.Literatura II.Título 3.Cultura Afro-brasileira

ISBN 978-85-69188-48-3                                                                                                    

 

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