Texturas da Vida - Alanna Fernandes

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Em um primeiro momento, o processo de escrita do prefácio de uma pessoa tão querida para mim pareceu uma tarefa difícil. Essa impressão só durou, porém, até que eu começasse a ler o livro. Logo se tornou perceptível que o mais importante a se fazer era agradecer à Alanna, o mais rápido possível, por, nas palavras dela, “soltar esses pensamentos insensatos”, e nos deixar ver o “quanto tem aí dentro”. 
Ainda bem, para nós, leitores, que essa escritora teve a generosidade de, após Incômodo Cotidiano, seu primeiro livro, lançar Texturas da Vida e se fazer disponível para o encontro tão potente entre escritora e leitores, entre artista e contempladores, entre quem experimenta se colocar na arte e quem experimenta tomá-la para sua própria vida. Depois de uma narrativa poética repleta de críticas sociais necessárias e escancaradas, em seu segundo livro, Alanna nos permite conhecer outra parte de seu cotidiano. 
O primeiro capítulo nos faz quase agradecer pela existência das asperezas da vida e inclusive pelas noites maldormidas que acometeram a escritora, para que ela pudesse pegar toda a dor e transformá-la em palavras possíveis de serem colocadas no papel. Para que ela pudesse nos contar sobre si e, assim, possibilitar-nos voltar a nós mesmos. 
No respiro da Flexibilidade, Alanna nos conta sobre os percalços do recomeço, nos autoriza a sentir, colocando-nos no colo e dizendo-nos que, apesar de já ter sido difícil, afetarse pode ser bom, que há a possibilidade de não se preocupar tanto. De maneira confortável, quando já estamos passeando de forma leve pelas linhas e entrelinhas dos poemas, Liso nos tira da mera racionalização e nos impulsiona a usar o corpo. A tensionar o corpo. A transar o corpo. Até cansar esse corpo, para, logo depois, Macio nos proporcionar descanso e serenidade.
Do Mole ao Poroso, voltamos a nos angustiar. Alanna nos mostra, prova e evidencia, que afetos não são lineares, que o que se sente, se absorve na pele e deixa marcas, e que os acontecimentos, por mais novos que sejam, rasgam as feridas que antes já existiam, de forma quase contraditória, de forma dialética.
Com a criticidade de sempre, ela garante o quanto sentir está presente em nós, de acordo com a nossa relação com o mundo, com o outro, com nós mesmos... Não havia jeito melhor, então, de terminar, que não fosse com as Perguntas Ácidas. Necessárias e difíceis na mesma medida, e que não precisam de maiores explicações.
Faço, ao final deste Prefácio, um pedido à própria Alanna, que não se preocupe, pois, não há como a grandeza de ser que podemos vivenciar nestas páginas se apequene. Você pode até tentar, quando o mundo mostra-se difícil demais, mas nunca será menos. Simplesmente não há como isso acontecer quando se tem essa capacidade extraordinária de pegar aquilo a que não se ousa dar nome, colocar em palavras, e permitir, generosa que é, que nós possamos atribuir nossos próprios sentidos-sem-nome.

Barbara Maria Turci
Mestra em Psicologia pela Universidade Federal de Uberlândia (MG)